Barreiros Centenários do Jarama
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Centenário dos Barreiros no IV Jarama Classic: Racing e Diesel Industrials

FOTOS IV JARAMA CLÁSSICO: UNAI ONA

O Circuito de Jarama não recebe a Fórmula 1 desde 1981. Mas a verdadeira importância de um circuito não é aparecer na mídia internacional, mas ser uma referência para os fãs do automobilismo. Nesse sentido, fins de semana muito interessantes estão acontecendo aqui. Uma das últimas foi a de 15 e 16 de junho, com a celebração do IV Jarama Clássico.

Uma edição muito especial graças ao fato de ter sido combinada com o Barreiros Centenários. Isso permitiu que mais de 10.000 visitantes desfrutassem de todos os tipos de veículos. Misturando caminhões a diesel com carros esportivos clássicos no Jarama Paddock Club. A iniciativa permite que os torcedores tenham acesso a áreas antes restritas. E isso é muito legal. Quem não adora ver os mecânicos trabalhando em um de seus carros favoritos?

Entre as quatro corridas e cinco troféus, destacou-se o Iberian Historic Endurance. Lá pudemos ver os clássicos mais espetaculares, complementados pelos do Grupo 1981 do Pré 1 ou do Mini Troféu. De qualquer forma, O mais especial foi ver na pista os lendários Dodge Dart, Simca 1000 e industriais da fábrica Villaverde.. De qualquer forma, vamos contar aos poucos tudo o que vimos no IV Jarama Classic.

AÇÃO NA PISTA E OUTRAS SURPRESAS

Algo muito recomendável nas corridas do IV Jarama Classic foi o espírito de diversão. Obviamente tudo é cronometrado, mas mesmo assim não há tensões derivadas da competição em nenhum momento. O que você respira é uma atmosfera relaxante no estilo das corridas britânicas.

Embora isso não signifique que não haja nenhuma ação. Na verdade, alguns acabaram chamando o trabalhador da chapa metálica. Mas conte ao português César Freitas e sua Ferrari 308 GT4. Ele disputou o teste do Resistência histórica ibérica e foi muito bom vê-lo na pista, embora não tenha se saído bem.

Além da Ferrari, no teste pudemos ver um curioso Matra Bonnet Djet -O carro de Yuri Gagarin- pilotado por Eugenio Fernández e Eduardo Fuster. De qualquer forma, a maioria eram os clássicos 911 e Alfa Romeo Giulia, entre os quais um Ford Anglia e um Volvo 121 entraram na réplica. E há sedans e veículos utilitários que podem ter muita força! Algo que se confirmou novamente graças à celebração do Mini Troféu.

O Mini Trophy foi jogado ao mesmo tempo que o Antes de 1981, Grupo 1. Uma categoria interessante em que os carros competem em condições de fábrica com exceção de algumas modificações, principalmente relacionadas à segurança. Aqui se destacou por ver um Datsun 1200, o sempre fanático Ford Scort RS2000 e um marcante Jaguar XJS. Mesmo preparado para o circuito, este britânico ainda é um dos designs mais clássicos da marca. Brilhante.

Como um teste para os amantes de carros leves, tivemos o Super Seven B por Toyo. Este é o troféu de marca única mais antigo de Portugal, que transferiu uma das suas provas para o IV Jarama Classic. É ideal para quem tenta saltar do karting para categorias superiores, como é feito no Caterham Super Seven. Sucessor do Lotus Seven, este carro com um centro de gravidade muito baixo pesa apenas cerca de 600 quilos. Em suma, perfeito para fazer travessuras em curvas. Muito estilo Colin Chapman.

Todo esse festival de clássicos foi coda com o GT4 Série Sul-Europeia. Esta categoria de carros atuais inclui alguns GTs bastante impressionantes, como o Audi R8, o Mercedes AMG ou o Porsche Cayman. Não custa nada contemplar as notícias mais raivosas do motor depois de ter desfrutado de tantos clássicos. Não obstante o IV Jarama Classic foi uma celebração do passado, principalmente da memória de um dos maiores industriais do nosso país. Eduardo Barreiros.

CENTENÁRIO DE BARREIROS. SUAS CRIAÇÕES NA PISTA

O mais emocionante do IV Jarama Classic foi a celebração do centenário de Eduardo Barreiros. Para isso eles se reuniram no asfalto dezenas de modelos da mítica fábrica Villaverde. Obviamente vimos veículos pesados, mas também uma boa amostra do Simca 1000 e Esquivar Dardo. De facto, deste último pudemos ver duas unidades muito especiais e difíceis de encontrar: um cabrio e outra família / perua.

Nascido em 1909 numa pequena aldeia de Orense, a vida de Barreiros é a de um industrial focado na mecânica diesel. Tendo vindo do nada, ele conseguiu construir um empório industrial que em 1963 gerava cerca de 25.000 empregos diretos e cerca de 100.000 empregos indiretos. Com exportações para 27 países. Algo que começou quando, ainda jovem na casa dos 20 anos, conseguiu montar um ônibus para a pequena linha de transporte de seu pai a partir de resíduos.

Uma engenhosidade inata para a mecânica, que teve seu momento de maior impacto no pós-guerra. Então, ele conseguiu converter gasolina em motores a diesel. Algo que em uma Espanha empobrecida que precisava de veículos industriais acessíveis era a panaceia. Era pura mecânica artesanal colocada em uma corrente, permitindo a conversão maciça para diesel de veículos antigos a gasolina antes da guerra. Na verdade, os primeiros experimentos foram feitos com motores Kupp de caminhões soviéticos 3HC que chegaram aqui durante a Guerra Civil.

A partir daqui, passou a fabricar motores próprios, que moviam camiões como o Azor ou o Super Azor. Um desenvolvimento tecnológico apoiado na concretização de contratos como o fornecimento de camiões ao exército português. Porém todo esse crescimento lhe rendeu inimigos dentro da burocracia estatal. Hierarcas que viam com suspeita a ascensão deste estranho às grandes famílias industriais, que preferiram se unir em torno do Instituto Nacional da Indústria e seu patrocínio à SEAT.

Precisando de mais capital para continuar crescendo, Barreiros foi ao banco. O Banco de Vizcaya se opôs a mais empréstimos. E o INI negou-lhe permissão para produzir seus próprios automóveis de passageiros. Ele não teve escolha a não ser buscar parceiros internacionais, finalmente optando pela Chrysler. A associação com a multinacional americana trouxe a fabricação dos lendários Dodge e Simca, mas também a asfixia econômica da empresa.

A Espanha não estava preparada para esses carros -especialmente para o luxuoso Dodge-, o que se expressou em uma crise financeira da qual Barreiros só poderia sair vendendo todas as ações de sua empresa para a Chrysler em 1969. Uma mistura de rixas nos ministérios, bancos e Chrysler o levou a abandonar a liderança de seu empório motor. No entanto, seu humor o impedia de ficar quieto.

Após um período com negócios em setores como mineração ou agricultura, Barreiros venceu o concurso internacional para a fabricação de motores a diesel em Cuba. Algo realmente interessante, porque mostra que, em meio a embaraços partidários, o que moveu Eduardo Barreiros foi trabalhar fazendo veículos industriais. Embora o plano tenha começado bem, o projeto não foi bem-sucedido. Tudo por causa das restrições econômicas impostas à ilha após o colapso do bloco soviético.

Barreiros morreu em Havana em 1992, e agora seu legado é preservado por sua filha por meio da Fundação e Museu Eduardo Barreiros. Um ícone do motor com uma história de filme. Até nos lembra um pouco da biografia de Preston Tucker. Sem dúvida, uma figura para recordar e festejar como foi feito no IV Jarama Classic.

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Escrito por Miguel Sánchez

Através das notícias de La Escudería, percorreremos as sinuosas estradas de Maranello ouvindo o rugido do V12 italiano; Percorreremos a Rota 66 em busca da potência dos grandes motores americanos; vamos nos perder nas estreitas pistas inglesas rastreando a elegância de seus carros esportivos; aceleraremos a frenagem nas curvas do Rally de Monte Carlo e até ficaremos empoeirados em uma garagem resgatando joias perdidas.

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