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José Froilán González, ou a primeira vitória da Ferrari na F1

O Sr. José Froilán González nos recebeu em sua concessionária em Buenos Aires, dedicada às marcas Fiat, Maserati e Ferrari.

Troféus e fotografias se acumulam em seu escritório, mas partimos para resgatar memórias e anedotas que ainda permanecem na memória do primeiro piloto que ganhou um Grande Prêmio ao volante de uma Ferrari.

Antes de completar 1951 anos, tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente Froilán González, o piloto argentino que em 1 conquistou, por sua vez, sua primeira vitória na F375 no Grande Prêmio da Inglaterra. Na pista de Silverstone, Froilán havia estabelecido o melhor tempo nos treinos a bordo de sua Ferrari 100, alcançando também uma média que, pela primeira vez, ultrapassou XNUMX quilômetros por hora.

Já na largada oficial, os pneus Englebert derraparam ante tanto fogo, mas Froilán, conhecido pelos apelidos "A cabeça grande" y "Touro do Pampa", já conseguiu liderar a corrida ao completar a segunda volta. Desde então, ele tirou vantagem e manteve à distância seu amigo e adversário Juan Manuel Fangio. No final ele venceu, 51 segundos atrás o bandido e dando duas voltas para a terceira, seu companheiro de equipe Luigi Villoresi.

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Como esperado, essa vitória marcou a vida de Froilán González, que continuou correndo na F1 até 1954, mas também significou um forte impulso para um Enzo Ferrari que havia derrotado seu antigo Alfa Romeo. Seis décadas depois, temos a oportunidade de conversar com este filho do emigrante leonês Isidro José González e Magdalena Pérez, estabelecido em uma grande fazenda perto de Arrecifes, cidade localizada a 177 km a oeste de Buenos Aires.

Nos encontramos em um prédio no centro de Buenos Aires vinculado ao grupo Fiat. Froilán chegou com pontualidade britânica e a conversa começou após os cumprimentos de costume.

- Don Froilán, quando você começou a dirigir?

[su_quote] «Desde muito jovem já conduzia. Eu tinha dez anos e não conseguia pegar os pedais, mas sabia que meu pai colocaria a primeira marcha daquele jeito e o carro seguiria em frente.

Minha primeira corrida foi em 1946, porque antes eu estagiei por cinco anos na escola dos Salesianos até 1939. Depois fui trabalhar na oficina Chevrolet do meu tio Júlio, que era um bom treinador e um piloto muito bom. Em vez disso, eu cuidaria das tarefas mais árduas, como engraxar o chassi, carregar baterias com ácido ou substituir as molas de lâmina.

Com o dinheiro que economizei comprei um caminhão Ford 1936 e depois um Chevrolet 1940. Com eles trouxe cereais para Buenos Aires que foram enviados para uma Europa em guerra. E descobri que ao volante podia passar três dias sem dormir. Mas em 14 de dezembro de 1940, na primeira etapa das "Mil Milhas Argentinas", meu tio Julio foi morto. Mantivemos a oficina, mas depois me dediquei a transportar cereais até o fim da guerra. " [/ su_quote]

Tudo um orgulho para o piloto veterano. A revista Ferrari Club Argentino se chama Froilán, com as sete letras escritas com a mesma grafia da Ferrari.
Noventa anos e ativo. José Froilán González dirige seu próprio carro,
recebe homenagens frequentes na Argentina e goza do carinho carinhoso dos entusiastas.

- Como foi a chegada à competição?

[su_quote] «Durante a guerra eu tinha uma motocicleta DKW e depois uma Matchless. Com o barulho que fazia, enlouquecia todos os recifes até o fim da guerra em 1945 e comecei a ter uma vontade imensa de correr. Sem dizer nada ao meu pai, comprei um Chevrolet meio preparado e o concluímos. Na minha primeira corrida, em 8 de agosto de 1946, usei o pseudônimo “Canuto” e venci a série, mas o carro quebrou antes do teste final. A próxima corrida foi em Arrecifes, onde ganhei na terceira bateria e na final, a duas voltas do fim, quebrei o motor quando estava na frente. Meu pai descobriu e discutimos, mas ele aceitou que era isso que eu queria. " [/ su_quote]

- Resultados ruins, certo?

[su_quote] «A mecânica estava a falhar, mas notei que com o meu manuseio podia estar na frente. Em 1947 participei das corridas “Fuerza Limitada” com um Ford B. Fiquei em segundo lugar em Mar del Plata e Salto, e venci pela primeira vez em Chacabuco. Durante 1948, voltei a vencer três vezes, mas principalmente me acostumei a correr rápido em circuitos longos e longas distâncias. E em 1949 vendi quase tudo que tinha e comprei um Maserati 4CL. No Prêmio Internacional Juan Domingo Perón, realizado em dezembro em Buenos Aires, terminei em quinto lugar com a Maserati, atrás de Villoresi, Ascari, Farina e Fangio. E que o dia 13 havia saído! " [/ su_quote]

José Froilán González no século XXI. Ídolo do automobilismo argentino, o primeiro campeão da Ferrari teve a gentileza de nos dedicar trinta minutos do seu tempo.
José Froilán González no século XXI. Um ídolo do automobilismo argentino,
o primeiro campeão da Ferrari teve a gentileza de nos dar trinta minutos de seu tempo.

- Já pertencente à equipe argentina financiada pelo governo de Juan Domingo Perón, Froilán González chegou à Europa em março de 1950, depois de ter demonstrado suas qualidades no Autódromo de Mar del Plata. Como foi a chegada ao Velho Continente?

[su_quote] «Em 1950 fomos abrir o primeiro Campeonato do Mundo em Monte Carlo. Então, eu tinha 27 anos e era o mais jovem de todos. Só eu fico desde então, porque Stirling Moss é sete anos mais novo. Para entrar no clima, nossa primeira corrida foi em Marselha com um Simca Gordini da equipe argentina, mas um pistão quebrou. Fangio teve mais sorte, pois terminou em terceiro com a Ferrari que escolheu.

Na corrida seguinte, em Pau, Juan e eu corremos com os dois Maseratis e tínhamos pela frente as Ferraris de Ascari e Villoresi, muito superiores. Meu diferencial quebrou e desisti, mas Juan Manuel Fangio venceu as Ferraris. Naquela época morávamos em Galliate, em uma casa do pai de Acchille Varzi e não havia academias para construir músculos de braços e pernas. Treinamos com bicicletas, para aguentar 500 km em cima das máquinas. ” [/ su_quote]

- E chegou Monte Carlo, onde Fangio marcou a pole com seu Alfetta, Farina ficou em segundo com outro Alfetta e Froilán completou a primeira linha ao volante de um Maserati. Quais são suas memórias dessa corrida?

[su_quote] «Então o circuito era diferente e não tinha aquelas chicanas para ir devagar. Os motores tinham mais de 300 cv e a largada foi feita em uma rua estreita, com os carros muito próximos uns dos outros e era fácil haver atritos. Na corrida, não conseguia acreditar que era terceiro e que tinha ultrapassado os dois Alfetas no meu primeiro Campeonato do Mundo. Mas isso não durou muito, porque meu mecânico havia se esquecido de fechar a tampa do tanque de gasolina. Por esse motivo, estava saindo combustível e quando saiu um sinalizador pelo escapamento o carro pegou fogo e eu me ateei fogo.

Saí para a direita e pulei do carro enquanto ele ainda estava funcionando. No hospital, minhas queimaduras de terceiro grau foram curadas e logo eu estava pronto para correr vinte dias depois em Angoulême, França. Lá fui terceiro com a Ferrari. » [/ su_quote]

Tudo um orgulho para o piloto veterano. A revista Ferrari Club Argentino se chama Froilán, com as sete letras escritas com a mesma grafia da Ferrari. FOTO 8
Tudo um orgulho para o piloto veterano. A revista Ferrari Club Argentino se chama Froilán,
com as sete letras escritas com a mesma grafia das da Ferrari.

De volta à Argentina, mais corridas. Froilán dobrou em duas corridas disputadas no circuito «La Costanera», com um Ferrari 166 C e à frente do Mercedes W163. A partir desse momento, Froilán já é um ídolo nacional. Fangio assinou com a Alfa Romeo e Froilán embarca para a Europa com o jovem Onofre Marimón e dois Maseratis. E é que em 1950 o resultado esportivo foi exitoso, mas a seleção argentina se dissolveu por falta de orçamento.

[su_quote] «Em 1951 é uma história diferente, porque Juan estava na Alfa Romeo e me deram o Talbot-Lago 4500 vencedor das« 24 Horas de Le Mans »em 1950. Com ele terminei em segundo na primeira corrida, o Grande Prêmio de Paris. Naquele ano morei com minha esposa em Milão e visitei Enzo Ferrari, muito feliz pela vitória em Buenos Aires. E a certa altura ele me diz: "Pena que não tenho carro para você, porque tenho toda a equipe completa."

Em Le Mans, juntei-me a Onofre Marimón ao volante do Talbot-Lago. Estávamos indo muito bem, até que durante a noite Onofre parou para reabastecer e a junta do cabeçote queimou, obrigando-nos a sair. E na corrida de Reims, enquanto estava no hotel, recebi um telegrama de Enzo Ferrari para testar o 375 de Serafini, ferido no Mille Miglia. Para mim aquele carro era como um brinquedo novo e me diverti muito.

Na corrida, eu estava liderando o teste na volta 34, quando me disseram que eu tinha que ir para os boxes. Fui um motorista convidado e tive que passar o volante para Ascari, que terminou em segundo atrás de Fangio. Depois, nova visita a Maranello. Il Commendatore me ofereceu um contrato semelhante ao que Ascari e Villoresi tinham, com um bônus de saída de $ 2.500. Eu assinei o contrato para o resto do ano. " [/ su_quote]

Um lugar para memórias. Dentro da concessionária, além dos carros de colecionador, há cartazes que evocam suas vitórias em Silverstone e nas 24 Horas de Le Mans.
Um lugar para memórias. Dentro da concessionária, além dos carros de colecionador,
há cartazes que evocam suas vitórias em Silverstone e nas 24 Horas de Le Mans.

- Duas semanas depois, Froilán alcançou a vitória descrita no início, que completou aquela temporada com dois segundos lugares em Monza e Pedralbes. Froilan, Que memórias guarda do Circuito de Pedralbes?

[su_quote] «Em Pedralbes perdemos o Campeonato do Mundo porque ficámos sem pneus. Ali, na longa reta, chegamos ao final da curva e os pneus do nosso patrocinador Englebert se partiram na travagem. Cheguei a ser último, mas depois fui subindo posições até chegar a segundo, ao volante de Juan Manuel Fangio. » [/ su_quote]

Ele ainda precisava falar sobre seus sucessos nos anos seguintes, mas a meia hora combinada havia passado. Froilán nos convidou a dirigir seu Fiat moderno até seu concessionário, reformado e inaugurado naquela tarde. Durante a turnê, Froilán dirigiu com rara sutileza e reflexos, enquanto nos dizia sarcasticamente que estava mais calmo no circuito de Le Mans em 1954 do que nas atuais avenidas de Buenos Aires.

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Vídeo | DANIEL CAAMANO

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Inácio Saenz de Câmara

Escrito por Inácio Saenz de Câmara

Desde muito jovem senti-me atraído por qualquer veículo, independentemente de ser o Renault 4 do meu pai, a carrinha DKW 800 S do meu avô ou a Lambretta do tio Santos. E claro, os carros que vi nas revistas de automóveis desde os 11 anos. Também gosto de escrever, por isso depois de deixar a docência trabalhei como editor e testador na Autopista... Veja mais

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