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Spirit of Montjuïc 2022, crônica de clássicos e monopostos em ação

Pela nona vez, o Spirit of Montjuïc reuniu uma infinidade de clássicos de competição na pista para desfrutar do automobilismo em ação. Nesse sentido, pudemos ver alguns dos monolugares mais emblemáticos da história da F1, bem como uma grande presença de SEATs históricos e todos os tipos de clássicos de corrida.

Fotografias: Sergio Calleja

Como habitação ou arte, o amor por carros clássicos também é influenciado por certos interesses especulativos. Deste modo, por detrás dos impressionantes números alcançados em determinados leilões, não se esconde tanto o interesse pelo automóvel histórico como o desejo de investir nos chamados valores de refúgio. Assim as coisas, muitos dos melhores clássicos de competição são cuidadosamente guardados em garagens exclusivas de onde nem saem para rolar. Uma pena. Especialmente para os fãs entusiasmados, que estão privados de ver esses ícones da engenharia em ação.

No entanto, eventos como o Goodwood Revival permitem que a história das corridas clássicas seja revivida ao colocar carros esportivos clássicos na pista. Mas também Protótipos Desportivos e até monolugares de F1. Uma fórmula de sucesso que tomou forma na Península Ibérica desde 2011. Ano em que a equipa Targa Iberia lançou a combinação de corridas, encontro de clássicos e lazer familiar com o qual o Espírito de Montjuïc nos foi apresentado novamente. O evento de referência do automobilismo clássico de competição, tendo celebrado a sua 1ª edição nos dias 2, 3 e 9 de abril com cerca de 25.000 participantes.

Desta forma, esta homenagem à memória do antigo traçado urbano de Barcelona voltou a mostrar alguns dos modelos de F1 mais emblemáticos de todos os tempos. Algo que foi feito no Masters Historic Formula One, onde se encontravam monolugares criados entre 1966 e 1985. Além disso, o Masters Historic Sports Car foi destinado aos amantes da resistência. No qual pudemos ver clássicos de Le Mans produzidos entre 1962 e 1974 . Uma categoria complementada pelos Masters Endurance Legends projetados para Protótipos Esportivos do Campeonato Mundial de Endurance fabricados desde 1995 até o recente 2016.

Além disso, o Iberian Historic Endurance deu abrigo a clássicos do esporte de 1965 a 1976. Uma ótima maneira de reviver aquelas corridas antigas em que os pilotos vinham ao circuito no mesmo GT com o qual iriam competir. E uau, como se tudo isso não bastasse, o Spirit of Montjuïc mais uma vez teve um estacionamento clássico mais do que interessante. Além da presença poderosa de SEATs históricos. Que comandou a homenagem à Fórmula 1430 apenas alguns meses depois de completar meio século durante o último 2021. Uma ampla gama de modelos de competição pelos quais faremos um breve passeio. Sente-se, vamos começar.

A F1 DO ESPÍRITO DE MONTJUÏC, COM TODAS AS CONSEQUÊNCIAS

Como mencionamos no início deste artigo, infelizmente existem muitos clássicos de competição condenados a não rolar um único metro. Desta forma, sua mecânica deixou de rugir décadas atrás para se tornar peças de museu -no melhor dos casos- ou objetos de especulação privada -no pior e mais controverso-. No entanto, o Espírito de Montjuïc é um daqueles eventos em que acontece o contrário. Longe de serem expostos como simples modelos, os clássicos percorrem Montmeló com todas as consequências.

Algo que demonstra o incidente vivido pelo Lotus 91 de 1982 colidiu contra as proteções. Que teve que ser removido da pista por um guindaste durante o desenvolvimento do Master Historic Formula One. Sem dúvida a imagem mais lembrada e repetida deste 9º Spirit of Montjuïc. Demonstrando como seus motoristas fazem a mecânica vibrar sem levar em conta quanto seu carro pode valer em leilão. Mas sempre contando com o fato de ser um carro de corrida feito para correr e ser apreciado.

No entanto, a verdade é que não para de doer um pouco ver a destruição causada neste Lotus 91. O modelo apresentado pela equipe de Colin Chapman para a temporada de 1982. Primeiro a usar freios de carbono nesta equipe. Sendo um design que foi inspirado no chassi do Lotus 88 para montar seu motor Cosworth V8. A partir daqui, conseguiu ser competitivo pela sua leveza apesar de não ter turbocompressor numa altura em que começava a ser hegemónico na grelha de partida. De fato, até a Ferrari já o havia adotado no 126CK da temporada anterior.

No entanto, a verdade é que não deixa de doer um pouco ver a destruição causada neste Lotus 91. O modelo apresentado pela equipa de Colin Chapman para a época de 1982. Primeiro a utilizar travões de carbono nesta equipa, sendo um design que foi inspirado pelo chassi do Lotus 88 para montar seu motor Cosworth V8. A partir daqui, conseguiu ser competitivo pela sua leveza apesar de não ter turbocompressor numa altura em que começava a ser hegemónico na grelha de partida. De fato, até a Ferrari já o havia adotado no 126CK da temporada anterior.

Para além do Lotus 91 e das sempre interessantes lições de engenharia dadas por qualquer criação de Colin Chapman, neste Spirit of Montjuïc podia ser visto um dos monolugares mais originais de todos os tempos. O Tyrell P34. Curiosamente lançado no GP da Espanha de 1976, sendo um dos experimentos mais interessantes em aerodinâmica nunca vistos na F1. E sim, o objetivo de aumentar o número de rodas em duas era tornar as dianteiras um elemento muito pequeno. Desta forma, o tamanho da frente poderia ser reduzido, conseguindo uma melhor penetração aerodinâmica.

No entanto, toda essa exibição de inventividade teve sérios problemas derivados. Para iniciar a suspensão. Já as quatro rodas dianteiras possuíam sistemas complexos, unindo as duas rodas de cada lado ao mesmo amortecedor. Além disso, o comportamento geral do Tyrrell P34 não era do agrado de seus pilotos. Na verdade, Jody Scheckter deixou a equipe alguns meses após o lançamento deste modelo completamente farto dele. Claro, também tendo vencido uma corrida graças a ele. Além disso, analisando as estatísticas do Tyrrel P34, vemos que dos 30 GPs realizados, ele subiu ao pódio em 14.

Nada mal por ser tão experimental. Personagem pioneiro que muitas vezes é lamentado em um mundo onde tudo tem que ser tão bem ajustado quanto o da F1. No entanto, a verdade é que se a F1 se caracteriza por algo, é precisamente pela constante experimentação de novas tecnologias. Prova disso é o McLaren MP4/1 de 1981 com seu monocoque de fibra de carbono. Um dos primeiros monolugares a experimentar esse material em tal nível, o que exigia colaboração com a indústria aeroespacial.

Tudo isso para criar um carro não apenas mais leve, mas também mais rígido. Neste 9º Spirit of Montjuïc pudemos ver uma cópia de 1982. A temporada anterior ao uso dos motores V6 Turbo da Porsche, em que eles ainda eram movidos por Cosworth para vencer quatro do Grande Prêmio daquele ano. Uma verdadeira lenda da F1 que filmou em Montmeló num fim de semana onde também pudemos ver monolugares movidos pela SEAT.

SEAT, MUITO PRESENTE NO ESPÍRITO DE MONTJUÏC

Para além disto e da vasta amostra de automóveis de passageiros trazidos do navio A122, a SEAT fez o possível para celebrar o SEAT 1430 Fórmula Nacional. Que completou meio século no ano passado. Permanecendo na história do automobilismo nacional como um excelente grupo de pilotos por onde passaram Fernando Pérez Sala, Paco Josa ou Salvador Cañellas. Tudo isto com modelos alimentados pelo motor SEAT 1430, aqui ajustados de acordo com os regulamentos ditados por formadores como Me-Pre, Selex ou Lince.

Além disso e da vasta amostra de carros de turismo trazidos do navio A122, a SEAT voltou-se para a celebração da Fórmula Nacional SEAT 1430. Pilotos por onde passaram Fernando Pérez Sala, Paco Josa ou Salvador Cañellas. Tudo isto com modelos alimentados pelo motor SEAT 1430, aqui ajustados de acordo com os regulamentos ditados por formadores como Me-Pre, Selex ou Lince.

Uma espécie de copo semi-profissional de marca única. Tendo como palco os circuitos de Jarama e Montjuïc na Espanha e Albi e Paul Ricard no sul da França. Layouts em que se enquadrava o sucesso do Fórmula SEAT 1430, dos quais saiu um pouco mais tarde o 1800 com motores de maior cilindrada. Duas das melhores páginas escritas pela SEAT em competição, tendo gerado um hobby que hoje guarda aqueles pequenos monolugares como peças muito simbólicas para o desporto motorizado ibérico.

CLÁSSICOS DE RESISTÊNCIA

Para além do mundo especializado dos monolugares, sejam eles F1 ou Fórmula Nacional, este Spirit of Montjuïc reuniu um bom número de clássicos GT. A maioria deles colocada no topo da pista de Montmeló através do Iberian Historic Endurance. Desta forma, os fãs do motor norte-americano puderam ver desde um Shelby Cobra Dayton até um Ford GT40. Já no lado europeu, destacaram-se os inúmeros Porsches e o espetacular De Tomaso Pantera da Aurora Motorsport.

No entanto, além de observar essas lendas da competição nos boxes, o melhor do Spirit of Montjuïc é sempre vê-las em ação. Aliás, graças ao bom olho de Sergio Calleja podemos ver uma das manobras mais marcantes nas corridas desta 9ª edição. Aquele protagonizado por um Volvo 121 - muito duro nos ralis de sua época, mostrando grande confiabilidade mesmo em terrenos com neve - quando girou na primeira curva depois de sair dos boxes. Outro dos momentos que nos lembra que, ao contrário de outros eventos onde tudo é estático, no Spirit of Montjuïc os clássicos da competição são apreciados na pista.

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Escrito por Miguel Sánchez

Através das notícias de La Escudería, percorreremos as sinuosas estradas de Maranello ouvindo o rugido do V12 italiano; Percorreremos a Rota 66 em busca da potência dos grandes motores americanos; vamos nos perder nas estreitas pistas inglesas rastreando a elegância de seus carros esportivos; aceleraremos a frenagem nas curvas do Rally de Monte Carlo e até ficaremos empoeirados em uma garagem resgatando joias perdidas.

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