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Pneus de ferro, Alemanha e a escassez de borracha

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha experimentou uma clara escassez de borracha, motivando o surgimento de soluções tão contundentes quanto a representada pelos pneus de ferro. Se eles podem ser chamados assim.

Extraído pelo corte de várias árvores tropicais, borracha Era conhecida na Europa até o século XIX sob o nome de goma arábica.. Considerado um produto de segunda linha, não teve grande importância no comércio mundial até o advento da Revolução Industrial. E é que, justamente quando o liberalismo político dava seus primeiros passos, o avanço da tecnologia foi colocado a serviço de um sistema produtivo cada vez mais carente de transporte.

Assim, Charles Goodyear descobriu acidentalmente a vulcanização da borracha em 1839. A partir do aquecimento desse material junto com sua mistura com enxofre, esse processo abriu as portas para a uso de novos materiais de borracha em todos os tipos de indústrias. Graças a isso, dos pneus às camisinhas e às próteses dentárias, esse avanço continua muito presente em muitos acontecimentos do dia a dia.

Com tudo isso, as qualidades flexíveis e impermeáveis ​​da borracha vulcanizada a tornaram um componente essencial para o desenvolvimento de máquinas ferroviárias. Âmbito do qual saltou para outras áreas de transporte com a progressiva popularização dos veículos particulares no final do século XIX. Desta maneira, primeiro estava muito presente nas bicicletas para, a partir daí, dar o salto para o ramo das motocicletas. No entanto, a irrupção do automobilismo de massa no início do novo século foi o que mais desencadeou a demanda por borracha nos países industrializados.

Não em vão, enquanto em 1900 circulavam pelo mundo cerca de 10.000 automóveis, apenas três décadas depois já eram cerca de dois milhões e meio. A essa altura, nem é preciso dizer como eles já haviam surgido verdadeiros gigantes empresariais dedicados ao mundo dos pneus. E mais, hoje são praticamente os mesmos, com marcas como Dunlop, Goodyear, Goodrich, Firestone, Michelin e Continental na liderança.

Ora, de onde veio toda a matéria-prima necessária para atender tal demanda? Bem, nesse sentido, o primeiro país que devemos olhar é o Brasil. No entanto, desde pouco depois de 1870 os britânicos obtiveram suas próprias sementes o centro nervoso da produção mundial de borracha mudou para o Sudeste Asiático. Especificamente para a Malásia, onde os britânicos haviam estabelecido sua ocupação colonial no final do século anterior.

Favorecidas pelo clima tropical, essas sementes geraram em poucos anos extensas áreas de monoculturas administradas por empresas como a britânica Malaya. De fato, no alvorecer da Primeira Guerra Mundial já controlava mais de 40% do mercado fornecedor. Um fato que, para além dos negócios, teve importantes consequências estratégicas durante o desenvolvimento do conflito, dando ao mundo anglo-saxão e seus aliados uma clara vantagem sobre a Alemanha e seus apoiadores.

RODAS DE METAL, QUANDO A BORRACHA NÃO CHEGA

Além de sua importância política, a Primeira Guerra Mundial evidenciou a transição para o transporte mecanizado. Desta forma, embora neste concurso o uso da cavalaria ainda fosse importante, A irrupção das viaturas condicionou a estratégia em todas as frentes. Assim, a Alemanha optou pela mobilização de tropas e recursos por meio de sua extensa rede ferroviária. Algo válido para os primeiros meses da guerra, embora, finalmente, insuficiente para fazer movimentos rápidos contra o relógio.

Roda de bicicleta com metal e couro. Memorial de Guerra Australiano.

Por isso, quando a Alemanha tomou conhecimento do papel dos caminhões nessa guerra, já era tarde demais. Além disso, por não ter pensado nisso com planejamento isso não acrescentou nenhuma reserva de borracha para fabricação de pneus. Além disso, isso era agravado pelo fato de que, como vimos, o abastecimento de borracha estava nas mãos de empresas britânicas. Com tudo isso, enquanto os Aliados adicionavam cada vez mais veículos militares à luta - na Europa foram registradas até 25.000 unidades do Ford Modelo T criadas por e para esta guerra - a Alemanha e a sua própria atolavam nas trincheiras.

De fato, diante da falta de borracha, os caminhões alemães começaram a circular com rodas de ferro compostas por uma infinidade de molas localizadas entre o aro e uma tira de couro para facilitar o rolamento. Sem dúvida algo muito ineficiente, contribuindo tanto para uma mobilidade precária quanto para uma desgaste rápido dos veículos. Aliás, isto estendeu-se mesmo a outras áreas como as bicicletas, onde também podemos encontrar exemplos a esse respeito.

Da mesma forma, a chegada do armistício não pôs fim a esta situação. Não em vão, A Alemanha foi submetida a uma série lógica de sanções, ao balanço das empresas britânicas e americanas no que diz respeito ao fornecimento de pneus. De fato continental - a única grande empresa de pneus fundada na Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial - havia perdido mais de três quartos de sua força de trabalho durante a guerra. Em suma, como vemos, a escassez aguça a sagacidade.

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Escrito por Miguel Sánchez

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